Dez anos atrás, como uma adolescente de 18 anos, eu frequentemente refletia sobre amor, vida e moda. Sex and the City foi mais do que uma série; foi uma conversa aberta sobre ser mulher. Cada personagem parecia me oferecer um molde do que eu poderia ser: Carrie, com sua prosa apaixonada; Samantha, com sua liberdade indomável; Charlotte, com seu eterno otimismo; e Miranda, com sua força implacável. Todas dedicadas a alcançar seus objetivos pessoais e profissionais, sempre vestidas impecavelmente.
Agora, uma década depois e mais próxima dos 30, revisito as ruas de Nova York através dos olhos dessa mesma série, devido sua recente inclusão na Netflix. Graças à terapia, não busco mais referências externas para moldar minha identidade. Hoje, a vida, com seus encontros e desencontros, já me ensinou que somos processos em constante desenvolvimento, descobrindo-nos e construindo-nos simultaneamente.
Mas, por que retornar a Sex and the City?
À primeira vista, o que uma série impregnada de elitismo, homogeneidade racial e uma visão heteronormativa do início dos anos 2000 poderia oferecer hoje? Embora muitos tabus do início do século já não sejam mais relevantes, e muitas concepções da série sejam datadas, o cerne da narrativa toca em um ponto ainda sensível: a pressão social que continua a ser imposta sobre as mulheres.
A expectativa de que, antes dos trinta, uma mulher deva ter conquistado carreira, casamento e filhos ainda persiste. Na minha opinião, é isso que faz com que a série, com todas as suas limitações e triunfos, mantenha uma espécie de atualidade crítica.
As protagonistas, todas navegando a vida além dos trinta, oferecem um contraponto fascinante à ideia preconcebida de que tudo deve estar resolvido nessa idade. A série nos ensina, com muito bom humor, que a vida real não segue um roteiro fixo e que os trinta anos são apenas o começo de muitas aventuras e descobertas.
As quatro mulheres celebram a liberdade e a estabilidade financeira alcançadas em suas carreiras e a amizade que construíram e que as fortalece na cidade grande. Na minha opinião, esse é o grande segredo para uma vida solteira feliz: amizades verdadeiras! E, claro, ter liberdade e estabilidade financeira que proporcionem encontros animados com suas amigas também não é nada mal.
É maravilhoso que, logo na primeira temporada, podemos ver as personagens discutindo sobre o privilégio que a sociedade confere a pessoas que estão em um relacionamento, e como os solteiros, especialmente as mulheres solteiras, são vistos com desconfiança e, por vezes, hostilidade.
Muitos episódios giram em torno das desventuras amorosas das protagonistas, lembrando-nos como as fases iniciais de um relacionamento podem ser divertidas e emocionantes, ao mesmo tempo em que abordam como esses encontros podem ser desgastantes. O personagem de Mr. Big representa um tipo que todos nós já encontramos: a pessoa emocionalmente indisponível, levantando reflexões interessantes sobre a relação com alguém assim.
Embora alguns episódios possam ser criticados (como os que abordam a bissexualidade e a psicoterapia), ainda me sinto cativada pela autenticidade e pelo estilo distintos dos episódios de cerca de 20 minutos de duração.
Resumindo, Sex and the City é uma série leve que deve ser assistida tendo em mente que é um produto de seu tempo, o início dos anos 2000. Mas, além do entretenimento, pode ser uma forma divertida de expandir as possibilidades de ser solteira depois dos 30 anos e um incentivo a investir nas amizades com outras mulheres que vivam momentos de vida parecidos com o seu!
Desejo que você encontre propósito e sentido em todas as fases da vida, em qualquer estado civil! Se estiver encontrando dificuldade, não hesite em buscar ajuda profissional.